data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
O último mês de 2020 encerrou com o maior número de óbitos associados à Covid-19 em Santa Maria: foram 40 pessoas que perderam a vida. O que os dados apontam, até agora, é que neste ano, o cenário tende a se manter, se não piorar: nos primeiros 12 dias de janeiro, já são contabilizadas 21 mortes - nove delas aconteceram em apenas um dia, na última terça-feira. O total é de 172. Os dados são do Observatório de Informações em Saúde da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que cria as estatísticas do vírus a partir dos números oficiais disponibilizados pela prefeitura.
Anvisa analisa pedidos de Butantan e Fiocruz no próximo domingo
Até agora, os casos confirmados de coronavírus somam 13.850 desde o início da pandemia - 816 só neste mês de janeiro. Destes, a faixa etária que mais registra contaminações é de jovens de 20 anos até adultos de 39 anos.
Entretanto, são os idosos a partir de 60 anos que lideram o ranking de óbitos - quanto mais avançada a idade, maior é a taxa de mortalidade. Por exemplo, a cada 100 pessoas com idades entre 30 a 39 anos que se contaminaram com o vírus, apenas 0,1 morre. Já quando isso acontece na faixa etária dos idosos, a cada 100 pacientes entre 90 e 99 anos, 28,3 não sobrevive.
- Desde o início da pandemia, percebemos esse contraste, que a maior incidência é entre os jovens, mas são os idosos que acabam não resistindo - afirma o professor Luis Felipe Dias Lopes, doutor em Engenharia de Produção e estatístico do observatório.
De acordo com o médico epidemiologista da Vigilância em Saúde Marcos Lobato, que é coordenador do Centro de Referência Municipal de Covid-19 em Santa Maria, esse contraste acontece porque a faixa etária com mais casos é também aquela que é economicamente ativa e, consequentemente, mais exposta. Já os idosos têm histórico de uma saúde mais fragilizada e, na maioria das vezes, apresentam alguma comorbidade, como doenças crônicas cardíacas ou neurológicas, que agravam ainda mais o quadro clínico.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Fonte: Observatório de Informações em Saúde da UFSM
Cruz Alta inaugura 10 leitos de UTI Covid-19
O epidemiologista explica ainda que o aumento de óbitos é uma consequência do aumento de casos confirmados, e reflete o comportamento da população:
- Nos meses de novembro e dezembro, nós notamos que a circulação na cidade aumentou, as pessoas começaram a sair mais, a se aglomerar mais, havendo, até mesmo, o aumento dessas festas clandestinas. O crescimento de óbitos precede o aumento de internados e, consequentemente, as mortes, já que a maioria das vítimas estavam internadas em leitos de UTI - comenta Lobato.
Em todo o Estado, o número de óbitos decorrentes da Covid-19 atinge a casa de 9.699 vítimas desde o início da pandemia.
PACIENTES PODEM CONTINUAR DOENTES, APESAR DE NÃO TRANSMITIR MAIS O CORONAVÍRUS
O médico Marcos Lobato relata que aquelas pessoas que não transmitem mais o vírus - depois dos 14 dias de incubação, não são necessariamente aquelas consideradas curadas da doença. Isso significa que é possível não estar com o vírus ativo no corpo, mas ainda estar doente.
- Se um exame dá negativo, isso significa que aquele paciente não pode mais transmitir o vírus, mas ainda pode estar doente. A gente teve exemplos de pessoas contestarem o porquê de um óbito ser contabilizado para Covid-19 mesmo se o paciente ter exame negativo depois dos 14 dias infectado. Só que o vírus circula pelo organismo, e a transmissão só acontece se o vírus estiver sendo expelido pelo aparelho respiratório. A pessoa pode não estar mais em quantidade suficiente para contaminar, mas o vírus ainda está em outro ponto do corpo, tanto que há mortes por AVC, infarto ou demais complicações - detalha.
Isso também tem afetado o número do boletim oficial da prefeitura. Há casos que já não estão ativos, mas também não estão curados, o que causa divergência nos dados. Como o cálculo não é tão simples de ser feito, já que é preciso analisar essa questão, a inserção dos números tem sido feita com atraso.
Ministério da Saúde espera vacinar 5 milhões de brasileiros a partir do dia 20
Outro fator é que há uma sobrecarga tanto nos laboratórios quanto na própria equipe do Centro de Referência Municipal, já que são eles que precisam fazer a coleta dos exames e inserir os dados no sistema.
Para o professor Luis Felipe Dias Lopes, a defasagem também afeta as estatísticas, pois é mais difícil fazer projeções dos próximos dias e, logo, também não é possível se preparar para um cenário ainda pior.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Fonte: Observatório de Informações em Saúde da UFSM